Vários estudos concluíram que as pessoas com maiores competências de Inteligência Emocional têm mais sucesso na escola, têm melhores relações, e envolvem-se menos frequentemente em comportamentos nocivos. Cada vez mais, se torna evidente a necessidade de formar pessoas que têm consciência das suas emoções, que as sabem gerir, e que compreendem o que os outros estão a sentir, ou seja, com forte Inteligência Emocional. A nossa sociedade precisa de mais dessas pessoas, que são capazes de se auto-regular e de interagir com os outros com empatia e respeito – só assim poderemos construir uma sociedade melhor!
Adicionalmente, estando as profissões mais mecânicas a ser substituídas por máquinas, as “soft skills”, ligadas à Inteligência Emocional, estão a ser cada vez mais valorizadas e consideradas insubstituíveis por máquinas. Isto significa que as crianças de hoje vão necessitar de apresentar ainda mais competências emocionais quando se candidatarem a uma função profissional.
Ao conjunto destas competências deu-se um nome: Inteligência Emocional, ou seja, “a capacidade de monitorizar as nossas próprias emoções, assim como as emoções dos outros, para distinguir e rotular diferentes emoções corretamente, e usar informações emocionais para guiar seu pensamento e comportamento e influenciar o dos outros” (Goleman, 1995; Mayer & Salovey, 1990).
Qual é a importância da Inteligência Emocional?
Um aspeto essencial que é influenciado pela Inteligência Emocional é a saúde mental. Por um lado, vários estudos mostraram que pessoas com maior IE apresentam menos patologias psicológicas que têm como base distúrbios emocionais. Exemplos são a depressão (David, 2005; Hertel, Schutz, & Lammers, 2009), a ansiedade (David, 2005; O’Connor and Little, 2003), a esquizofrenia (Kee et al., 2009), o distúrbio Borderline (Gardner and Qualter, 2009; Hertel, Schutz, & Lammers, 2009), o abuso de substâncias (Hertel, Schutz, & Lammers, 2009) e comportamentos violentos (Brackett et al., 2004; Mayer et al., 2004).
Por outro lado, o bem-estar emocional parece estar correlacionado com a Inteligência Emocional , tal como um estudo em estudantes universitários concluiu (Brackett & Mayer, 2003; Lopes et al., 2003). Adicionalmente, as pessoas com alta Inteligência Emocional parecem ter também tendência a procurar ajuda psicológica quando precisam (Goldenberg, Matheson, & Mantler, 2006).
A Inteligência Emocional influencia também positivamente o sucesso académico, de acordo com vários estudos (Zeidner, Shani-Zinovich, Matthews, & Roberts, 2005). Os alunos com maior Inteligência Emocional parecem ter mais atenção e atitudes mais positivas quanto à escola e aos professores. (Rivers et al., 2008).
Nas relações interpessoais, a Inteligência Emocional leva a relações com maior qualidade (Brackett, Warner, & Bosco, 2005; Brackett et al., 2006a; Lopes, Salovey, Coˆte´, & Beers, 2005; Lopes et al., 2003, 2004), relações de suporte com os amigos e os pais, no lugar de relações antagónicas e conflituosas (Lopes et al., 2004). Nas relações amorosas, também parece haver uma influência positiva da Inteligência Emocional.
E agora?
A questão que surge agora é: será que estamos a educar as crianças e jovens para terem uma Inteligência Emocional elevada? Nem todas as famílias estão preparadas para o fazer, e nem todas as escolas têm a capacidade para tal. De resto, os conteúdos que as crianças e jovens consomem na televisão e online também nem sempre são os mais benéficos para desenvolver competências emocionais.
Cria-se, assim, uma distância entre o que é necessário para uma sociedade melhor e a educação que a maioria das famílias e escolas tem ferramentas para dar. O que fazemos com isto? Encontramos novas soluções para promover a Inteligência Emocional!
Que soluções já existem?
Felizmente, já há muita gente pelo mundo fora a trabalhar estes temas e a criar projetos para promover as competências de Inteligência Emocional na educação das crianças de jovens. Um exemplo é um programa preventivo para escolas chamado “The RULER Approach”, criado pela Yale University, nos Estados Unidos. Este programa promove oportunidades de aprendizagem para alunos, professores, diretores e famílias para desenvolverem as capacidades de reconhecer, compreender, rotular, expressar e regular as emoções, de forma a tomar melhores decisões, ter relações melhores, agir de uma forma pro-social e sentir maior bem estar. As turmas com este programa mostraram ter relações mais positivas e mais respeito, mais entusiasmo por aprender, menos bullying entre os alunos, e menos expressões de zanga ou frustração pelos professores (Reyes et al., 2010). Tudo graças à promoção da Inteligência Emocional.
Em Portugal, começam também a surgir projetos dentro e fora das escolas que promovem a Inteligência Emocional, a Educação Positiva e o bem-estar familiar. Na No Bully Portugal, promovemos também estes objetivos, no nosso trabalho com os alunos, os professores, os assistentes operacionais e as famílias. Trabalhamos para criar comunidades escolares com maior empatia, compreensão, cooperação, bondade.
O que cada família pode fazer?
As interações dentro da família e o tempo passados juntos são essenciais para o desenvolvimento da Inteligência Emocional das crianças e jovens. Assim sendo, há algumas coisas que todas as famílias podem fazer para criar crianças e jovens com maior Inteligência Emocional:
- Conversar sobre as emoções de forma descontraída e encorajar os mais novos a partilhar o que sentiram no seu dia, sem serem julgados
- Ver filmes ou ler livros que explorem as emoções e discutir os mesmos – por exemplo, o filme “Divertida Mente” (Inside Out em inglês)
- Quando os mais novos passam por algo mais intenso, promover uma conversa na qual eles possam expressar o que sentiram e sentir-se apoiados pelos adultos
- Validar e respeitar emoções de quem se sentir com raiva ou tristeza, dando-lhes tempo para processar as mesmas
- Partilhar com os mais novos experiências que tenha passado na idade deles, com as quais eles se possam identificar
- Se um adulto da família tiver uma reação mais extrema ou desapropriada, procurar um momento para admiti-lo e pedir desculpa aos outros
- Respirar fundo sempre que as emoções estiverem a explodir! É a melhor solução para evitar enormes discussões e conflitos
Deixamos estas pequenas dicas para promover a Inteligência Emocional que, a longo prazo, farão sem dúvida uma enorme diferença!
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