Sabia que Portugal participou um projeto-piloto onde implementou um novo modelo de trabalho, com um horário de trabalho de 4 dias - 8h por semana? Se está a questionar o porquê de tal decisão, a resposta assenta sobre um dos maiores problemas de inteligência emocional com que as empresas lutam numa base diária – o stress e o modo como este afeta a produtividade dos colaboradores.
Se a produtividade é um indicador de desempenho, esta apresenta-se como um fator determinante de eficiência organizacional e é usada como um nível medidor de crescimento de uma empresa. Como tal, facilmente vemos conexões entre o nível de produtividade apresentado pelos colaboradores e o stress organizacional.
Esta conexão entre stress e produtividade, apresenta 3 fases distintas:
- Fase de alerta – a produtividade e criatividade estão ainda inalteradas.
- Fase de resistência ou adaptação - a produtividade e criatividade são reduzidas, perda da motivação e concentração, e alteração da capacidade laboral.
- Fase de exaustão/esgotamento - caída brusca da produtividade e criatividade, perda da concentração e motivação, irritabilidade excessiva, incapacidade laboral, absentismo…
Podemos ainda apontar problemas como o aumento do número de acidentes no trabalho, atitudes mais agressivas e autoritárias, conflitos, isolamento social e clima organizacional negativo, como efeitos do stress organizacional prolongado.
Quanto mais stress sentimos, menos produtivo somos, e como tal torna-se importante usar estratégias de gestão de stress – derivada das estratégias de inteligência emocional - como gestão de horários, tarefas diversificadas ou adequação do ambiente para manter colaboradores felizes e em consequência aumentar a produtividade organizacional.
O que é o stress
Se pensa que o stress deve ser eliminado por completo, pense novamente! O stress pode ter um impacto positivo ou negativo na produtividade. Quantas pessoas conhece que deixam tudo para a última da hora porque sentem que só assim é que conseguem trabalhar? E quantas pessoas conhece que com a acumulação do stress paralisam?
No seu âmago o stress é uma resposta reacionária a ameaça – seja esta uma ameaça real, de um ladrão que nos aponta uma faca, ou uma ameaça psicológica como um prazo final que se aproxima a passos largos. Lembrem-se: a inteligência emocional diz-nos que emoções e estados emocionais podem ser usados para guiar os seus pensamentos e ações, classificando internamente as situações que enfrenta.
O stress é tão poderoso que se traduz em respostas ativas no cérebro, glândulas, hormonas, sistema imunológico, coração, sangue e pulmões. Como tal é responsável por respostas físicas/motoras (resposta fight/flight), mentais/cognitivas (aumento de atenção, rapidez de pensamento) e fisiológicas (acelera o coração, suores frios, tensão muscular).
Embora o stress não seja verdadeiramente classificado enquanto doença, torna-se um causador de doenças – Aquela dor de cabeça que o assalta constantemente? Talvez seja altura de analisar a sua causa… O mais certo é que seja do stress.
Se após ler estes factos, estiver a pensar que o esse tal colega que deixa tudo para a última da hora para conseguir trabalhar é louco, é importante notar que, na verdade, em níveis moderados o stress pode levar a um aumento de produtividade, ao aumentar o engagement profissional, gerar estímulos e motivação.
Mas, atenção! Com o passar do tempo, e com uma expressão crónica, o stress pode mostrar-se bastante negativo para o profissional e para a organização.
Causas e efeitos do Stress
Que tipo de causas encontra para o stress? Psicólogos apresentam diversas listas, baseadas não só em situações internas – que partem da pessoa e da sua perceção – como externas – que ocorrem à pessoa, incluindo ambiente, ruído, poluição, temperatura e nutrição.
Para uma boa gestão do stress, o primeiro passo é identificar o problema, reconhecer os efeitos e adotar as estratégias que o resolverão.
Algumas das causas mais comuns são:
- Exposição a situações ameaçadoras ou anormalmente intensas e duradouras. (por exemplo, quando alguém é assaltado na rua)
- Ruminação ou interpretações incorretas das situações que enfrenta. (por exemplo, quando passa mais tempo a ponderar sobre tudo o que pode correr mal, do que o que irá de facto acontecer)
- Ativação fisiológica intensa a situações que não o requerem – que causa desgaste e produção de hormonas não utilizadas. (por exemplo, quando vê uma sombra e assusta-se sendo assomado por adrenalina, apenas para se aperceber que essa sombra pertence ao vaso que tem na mesa. Não há razão para uma reação extrema, mas já produziu adrenalina que não vai usar)
- Respostas desajustadas à situação – seja por obstáculos ao comportamento adequado, seja por não ter um leque de estratégias grandioso o suficiente para dar a resposta adequada. (por exemplo, crianças autistas sofrem stress extremo em situações sociais, por não terem um leque de respostas e comportamentos adequados às situações)
O stress enfraquece ainda o organismo, causando falhas na memória, concentração e foco nas atividades, insónias, desânimo e cansaço físico, emocional e mental. Também pode causar mau humor e irritabilidade, todos fatores que se tornam prejudiciais ao desempenho e produtividade, traduzindo-se em resultados pobres.
Produtividade nas Organizações
A redução dos níveis de stress gera um aumento nos índices de produtividade e desempenho, elevando os resultados da empresa e colocando-a numa posição competitiva melhor.
Lembra-se ainda do projeto-piloto feito em Portugal? Este projeto começou os seus testes em junho de 2023, com a participação total de 41 empresas. A experiência de 4 dias/8h por semana, demonstrou uma redução da exaustão e desgaste dos trabalhadores, aumento de energia para família e amigos, redução dos sintomas negativos de saúde mental e melhoria na saúde mental e física. Foi ainda reportado um aumento no ritmo de trabalho, e um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Este é exemplo, sobre como cada vez mais as empresas percebem que a adoção de uma semana de trabalho de quatro dias pode trazer benefícios substanciais tanto para os negócios quanto para os empregados.
Estratégias de combate ao stress – como aumentar a produtividade.
A chave para uma gestão correta do stress, é a criação de uma vida equilibrada, com tempos definidos de trabalho, relacionamentos, descanso e diversão. A estratégia central traduz-se assim num único conceito: Controlo. Controlo sobre pensamentos, emoções, agendas, ambiente externo e como lida com os problemas. Para usar esse controlo, precisa de usar a inteligência emocional para identificar as emoções, classifica-las corretamente e ajustar o seu comportamento e pensamentos para alcançar os seus objetivos.
A essa estratégia devemos ainda acrescentar a capacidade de resistência e persistência de modo a lidar com as situações de pressão e a enfrentar os desafios.
Na gestão do stress pode mudar a situação ou mudar a sua reação. Ao decidir qual a opção que irá escolher considere quatro aspetos:
- Evitar (irá evitar essa situação),
- Alterar (o que pode alterar, para gerir o stress),
- Adaptar (como me consigo adaptar à situação?),
- E, aceitar.
Embora atividades e ações como fumar, beber álcool, controlar porções de comida, perder tempo em frente do computador/televisão, dormir, ou usar medicação, possa ajudar temporariamente a lidar com o stress, estas são soluções TEMPORÁRIAS que podem na verdade, causar mais mal que bem, a longo prazo.
Assim, tire tempo para si próprio – identifique as fontes de stress na sua vida; analise os seus sentimentos, comportamentos e pensamentos. Explore a fundo de onde o seu stress pode estar a vir: por exemplo, a sua preocupação assenta sobre os prazos do trabalho, mas qual é a fonte? Vem das suas exigências? Ou da quantidade de trabalho?
Aceite a responsabilidade pelo papel que tem nos fatores que lhe causam stress – assuma o controlo que tem sobre a sua vida e veja a sua produtividade aumentar.
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Inês Cabral | Project Manager
Bibliografia
https://hrportugal.pt/produtividade-sem-stress-como-o-conseguir/
https://www.miguellucas.com.br/6-estrategias-para-combater-o-stress/