Uma das competências do pensamento estratégico é a criatividade. Algo que tem abundado na arte e no luxo ao longo dos séculos.
Usando como inspiração o luxo ao longo da história da humanidade podemos encontrar na criatividade um recurso estratégico de lidar com problemas simples e complexos, inspirando-nos para resolver o nosso próximo problema.
O pensamento estratégico e a criatividade
Ao ver a exposição “10 000 Anos de Luxo” no Louvre Abu Dhabi, fui-me apercebendo como a história do Luxo pode ser inspiradora para quem quer desenvolver o seu pensamento estratégico e a sua criatividade.
Uma das competências do pensamento estratégico é a criatividade, pois, tal como Mintzberg refere, o pensamento estratégico tem como propósito “descobrir estratégias novas e imaginativas que possam reescrever as regras do jogo competitivo e imaginar futuros potenciais significativamente diferentes do presente.” Desta forma, sem criatividade não se atingem níveis de pensamento estratégico mais elevados. As outras competências necessárias para se ter pensamento estratégico, também segundo Mintzberg, são o pensamento conceptual, orientado para os sistemas e para as oportunidades e direccional (que ligue o futuro ao passado). Na avaliação que fazemos de pensamento estratégico com o CNE – Complexity Navigation Evaluation, uma das fases do desafio que propomos só é ultrapassada com muita criatividade.
Acompanhe-me neste passeio pelo luxo e traga um problema que queira resolver. Por exemplo, pense nas regras do jogo do seu negócio que gostava de reescrever, ou no novo produto ou serviço que pode ter mais sucesso na sua empresa daqui a 3 anos ou no plano de ação para conseguir um alvo a longo prazo... Já decidiu que decisão estratégica gostava de resolver?
Luxo ao longo dos tempos
A exposição “10 000 Anos de Luxo” mostra como o Luxo tem sido interpretado por diversas culturas ao longo do tempo. Partilho apenas as tendências do último século, já que estas foram bastante variadas. Nos últimos 100 anos, o luxo e a criatividade têm mudado bastante, dependendo das evoluções tecnológicas, das guerras, da necessidade de afirmação dos novos artistas ou da competição entre as empresas.
Pensamento Estratégico através da Art Nouveau
No início do séc XX, com o crescimento da indústria, o estilo artístico dominante passou a ser a Arte Nova ou Art Nouveau. Os arquitetos e designers inspiravam-se nas estruturas naturais das plantas e flores e nas linhas curvas. Utilizavam linhas dinâmicas, ondulantes e fluidas num ritmo sincopado. Consideravam que arte devia ser um modo de vida e por isso combinavam as Belas-Artes e as Artes aplicadas aos objetos utilitários.
Foi uma reação à arte académica do séc XIX. Apesar de terem selecionado e modernizado alguns dos elementos do estilo rococó, como as texturas da chama e da concha, eles também defenderam o uso de formas orgânicas muito estilizadas como fonte de inspiração, expandindo o repertório "natural" através do uso das algas e insetos. Fizeram também uso de muitas das inovações tecnológicas do fim do século XIX, especialmente o uso de ferro exposto e grandes vidros irregulares para a arquitetura.
Pensando agora na sua decisão estratégica, rresponda às seguintes questões:
- Como é que as ideias das estruturas naturais, das linhas curvas e dinâmicas, do ritmo sincopado o podem inspirar?
- E a aplicação das Belas Artes aos objetos utilitários e a expansão do repertório?
- E como é que o uso das inovações tecnológicas podem contribuir para a sua decisão estratégica?
Desenvolver o Pensamento Estratégico com a Art Déco
Passemos para a tendência seguinte - a Art Déco. Antes da Primeira Guerra Mundial, o estilo mudou para um estilo mais geométrico, pois a natureza estilizada do design Arte Nova tornava cara a sua produção. Passaram assim a combinar o estilo modernista mais ágil, retilíneo e barato, com habilidade fina e materiais ricos. Durante o seu auge, a Art Déco representou luxo, glamour, exuberância e fé no progresso social e tecnológico. A Art Déco era uma mistura de muitos estilos diferentes, às vezes contraditórios, unidos pelo desejo de ser moderno.
Representou a adaptação pela sociedade em geral dos princípios do Cubismo e do Exotismo. Sem abrir mão do requinte, os objetos têm uma decoração geometrizada, mesmo quando são feitos com bases simples. O Edifício Chrysler, o Empire State Building e outros arranha-céus de Nova York construídos durante as décadas de 1920 e 1930 são monumentos do estilo Art Déco.
Na década de 1930, durante a Grande Depressão, o estilo Art Déco tornou-se mais moderado. Novos materiais chegaram, incluindo a cromagem, o aço inoxidável e o plástico. O seu domínio terminou com o início da Segunda Guerra Mundial e verificou-se ascensão dos estilos de modernismo estritamente funcionais e sem adornos.
Tentando novamente aproveitar estas ideias para se inspirar para a resolução da sua questão actual:
- Como pode fazer o contrário do que se tem estado a fazer?
- Pode tornar o seu produto, serviço, comunicação, procedimento mais ágil, simples, barato?
- Pode integrar só alguns elementos mais ricos?
- Pode modernizar com novos materiais ou tecnologias?
- Qual é a tendência artística atual que pode utilizar?
- Que adornos pode tirar?
Tomar a sua decisão estratégica através do Modernismo
Na 2ª metade do séc. XX, o Luxo retorna às suas raízes, à sua essência mais crua e primordial. Apegando-se à natureza, à terra e aos seus recursos minerais e vegetais, expressou-se na simplicidade da linha, na pureza e transparência dos materiais.
Leitosas, diáfanas, naturais ou iridescentes, as paletas frequentemente monocromáticas da época contavam com a subtileza do corante ou do material. Os vestidos rolavam como ondas ou brilhavam como areia ao pôr-do-sol e os fatos ficavam prateados, enquanto os objetos se transformavam em árvores, icebergs ou ninhos. No seu minimalismo, o Luxo aqui explora a relação humana com a natureza, a poesia ou o racional.
Inspirado por esta tendência? Pense agora:
- O que pode ir buscar à natureza, à terra, as plantas para se inspirar?
- Como pode tornar o seu modelo de negócio, os produtos, os serviços, os processos ou comunicação mais puros, transparentes ou simples?
- Como pode usar a poesia?
Crescer no Pensamento Estratégico com o Pós-Modernismo
Finalmente, entramos no princípio do século XXI, onde o Luxo tem a habilidade de criar o maravilhoso e o virtuosismo faz-nos esquecer o propósito prático do objeto. A criatividade tem por si só valor e quando é feita com perfeita mestria técnica, durável e se pode transmitir para a geração seguinte, passa a Luxo.
Na moda, o Luxo atrai as mentes mais criativas que utilizam um turbilhão de linhas e cores. Os vestidos são fantásticos e extravagantes, acordando a imaginação. Os saltos dos sapatos tornam-se mais altos e subvertem os códigos convencionais. Utilizam cetins requintados, pérolas, lantejoulas, rendas, pedras preciosas, penas. A moda passa a ter muito poucas inibições. Numa perspectiva mais filosófica, a exposição acaba com a ideia que o Luxo contemporâneo é definido pelo tempo, espaço e liberdade.
Para ilustrar as novas tendências, o Louvre Abu Dhabi pediu à casa Cartier para criar uma instalação no museu. Esta criou a USO – The perfumed Cloud (USO = Unidentified Scented Object) em colaboração com a Transsolar Klima Engineering. A instalação convida os visitantes a subirem a uma escada em espiral para imergirem eles próprios numa nuvem perfumada. Experimentei e foi uma fantástica experiência para todos os sentidos.
Voltando à sua decisão estratégica, inspire-se nas últimas tendências, e veja o que lhe ocorre quando pensa numa solução completamente extravagante? Experimente responder a estas questões:
- Sem qualquer limite, como poderia torná-lo maravilhoso?
- Esqueça as questões práticas e torne-o mais decorativo. Como pode melhorar a mestria técnica?
- Como pode torná-lo mais durável?
- Como pode ser transmissível?
- Que código convencional quer quebrar?
- Que objetos estranhos pode incorporar?
- Retire uma a uma cada inibição que tenha. Com quem poderia fazer equipa para usar outra tecnologia que não domine?
- Como pode usar o tempo, o espaço ou a liberdade?
Mais inspirado? Encontrou alguma ideia para tomar a sua decisão estratégica nestas 4 tendências do Luxo dos últimos 100 anos?
A Criatividade é a habilidade de sobrevivência para o próximo milénio, pois é o recurso mais valioso para lidar com os problemas simples ou estratégicos. Muitas pessoas inibem a sua criatividade e limitam-se ao pensarem que é muito difícil. Como viu, é mais fácil do que parece encontrar inspiração para resolver questões complexas de forma criativa. Para além do luxo e da arte, outra boa fonte de inspiração é a natureza em geral, repleta de formas criativas que permitem a sobrevivência das várias espécies.
Se tem ou quer ter funções de liderança é essencial ter criatividade e as outras competências do pensamento estratégico. Sem estas vai ter demasiado stress para gerir muitas variáveis e problemas para os quais não há uma solução óbvia. Se quiser saber mais sobre como pode fazer um assessment do seu pensamento estratégico e desenvolver o seu pensamento estratégico e a sua criatividade ou da sua equipa envie-nos um e-mail para geral@brightconcept.pt.
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Isabel Andrade
Partner da Bright Concept