Sei que gostava de ser um líder que contribui para a sustentabilidade. Quer com certeza que a sua empresa seja sustentável, economicamente, mas também socialmente e ambientalmente. Imagino que gostava de um dia contar aos seus filhos ou netos que fez tudo o que estava ao seu alcance para evitar os problemas no ambiente, para que os seus colaboradores gostassem de trabalhar na sua organização e para que a sua organização fosse eticamente responsável.
Sei também que está a ter pressão dos investidores, dos novos colaboradores e dos consumidores para que a sua empresa seja sustentável. Passou mesmo a ter de dar dados sobre o ESG – Enviroment, Social and Governance - da sua organização, o que está a ser muito desafiante.
É um dilema crescente ter de conciliar o aumento da faturação com estes requisitos de sustentabilidade, mas o que é facto é que as empresas que cumprem todos estes requisitos são mais resilientes e faturam mais.
Vejamos alguns exemplos:
- No ambiente temos o caso da empresa Patagónia, uma marca de roupa outdoor. A empresa adota práticas de produção sustentáveis, como o uso de materiais reciclados e a redução de desperdício. Além disso, doa 1% das suas vendas anuais para a preservação ambiental e encoraja os seus clientes a reparar roupas em vez de comprar novas. Estas iniciativas fortaleceram a marca, aumentaram a fidelidade dos clientes e contribuíram para um crescimento consistente das receitas
- Na esfera social podemos referir a Unilever que implementou o "Plano de Vida Sustentável", que inclui metas para melhorar as condições de trabalho dos seus colaboradores e promover o desenvolvimento sustentável nas comunidades onde opera. Como resultado, as marcas da Unilever que adotaram este plano, como a Dove e a Ben & Jerry’s, têm registado um crescimento de vendas superior à média das restantes marcas do grupo.
- Em termos de governance, os casos mais conhecidos são os maus exemplos que eliminaram do mercado empresas vistas como muito fortes como o BES, o BPP e o BPN em Portugal e a Boeing, a Enron, e a Volkswagen (problema do Diesel) no estrangeiro.
Se quer aumentar a sustentabilidade da sua empresa, responda a algumas questões que lhe colocaria se lhe estivesse a fazer Coaching Sistémico ou se estivesse com a sua equipa a fazer Team Coaching. Pegue numa caneta e escreva as respostas a cada uma destas 10 questões.
- Em relação ao propósito da sua organização? (Governance)
- O que é que o mundo necessita da sua organização?
- A quem servem e que serviço lhes prestam?
- O que é que podem fazer de forma única que o mundo de amanhã precisa?
- Relativamente às relações dentro da equipa de Direção (Social)
- Qual é o nível de segurança psicológica dentro da equipa?
- Como é que são as reuniões de equipa?
- Como é que estão a gerir os conflitos dentro da equipa?
- Em relação aos seus Stakeholders (Environment, Social e Governance)
- Como está a lidar com cada um dos seus stakeholders?
- Quais são as pessoas que se está a esquecer e que um dia lhe podem dar problemas?
- No seu caso, como seria o stakeholder “gerações futuras”?
- Com aqueles Stakeholders que sente como antagónicos, como é que os pode tornar um recurso para a sua organização?
Este seria o ponto de partida e depois trabalharíamos de uma forma aprofundada as relações que escolhesse como prioritárias para o sucesso da sua organização.
Assim, convido-o a aplicar essas perguntas no seu quotidiano, a questionar-se constantemente sobre o impacto das suas decisões e a liderar com um propósito que transcenda o lucro imediato, visando o bem-estar global e a continuidade das gerações futuras. Afinal, ser um líder sustentável é mais do que um título – é uma responsabilidade e uma oportunidade de fazer a diferença.
Isabel Freire de Andrade – Diretora Geral da Bright Concept